segunda-feira, novembro 20, 2006

Guilhotina de Pelica (Erton Moraes)

Guilhotina de Pelica

Uma cabeça que parece um tufão, um tornado
Um vulcão em erupção
Uma cabeça que esquece os documentos
Uma cabeça Inteligente e ao mesmo tempo demente
Uma cabeça cheia de absurdos
Uma cabeça careta
Uma cabeça com pimenta malagueta
Uma cabeça bola que rola na sarjeta
Uma cabeça dividida
Entre o pão e a bebida
Uma cabeça de bicho cheia de amor e lixo
Uma cabeça reciclada entre o tudo e o nada
Uma cabeça sonhadora que parte voa
E outra parte na masmorra
Uma cabeça cheia de memórias de fotos e fatos
Uma cabeça de negro, de branco, de mulato
Uma cabeça feliz que sofre, deseja e desafia o dia-a-dia
Uma cabeça de gênio, genioso
Uma parte carinhosa, outra parte asquerosa
Uma cabeça maliciosa e ao mesmo tempo sem malicia
Uma cabeça urbana, freudiana, pernambucana
Uma cabeça antenada, com as culturas das estradas
Uma cabeça que esta sendo leiloada:
Vendo o que penso, penso porque é preciso
Pensar é meu oficio
Uma cabeça amiga que ao mesmo tempo briga
Em parte como todos, com sonhos e pesadelos
Enfim, uma cabeça que não pode ser modelo.

Erton Moraes